sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Falta felicidade nas cidades

             Definir o grau de satisfação das pessoas por meio do resultado “melhor cidade pra se viver” implica em desconsiderar aspectos subjetivos. O que é bom para um, pode não ser para outro. É preciso aferir a qualidade dos serviços oferecidos (públicos e privados), infraestrutura, transporte, além das características peculiares de cada cidadão – seu bem estar, segurança, reconhecimento enquanto profissional, relacionamento com a família, entre outros.
            O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é um parâmetro utilizado para medir o progresso de uma região com base em três dimensões básicas: renda, educação e saúde. Mas será quem ganha um bom salário está satisfeito? Ter um ensino de qualidade implica num bom rendimento escolar? Ser referência em saúde significa que todas as pessoas estão imunes de doença e saudáveis?
            Dizer que um lugar é ótimo pra ser viver é uma questão muito relativa, haja vista que depende do que cada indivíduo prioriza: é trabalho? É qualidade de vida? É estar perto dos amigos? Veja quem nem sempre é possível conciliar todos esses aspectos e é por isso que acabamos nos adaptando ao ambiente no qual vivemos. Às vezes a necessidade nos faz tomar determinadas escolhas e, para isso, renunciar outras.
            As cidades do “interior” são tidas como pacatas, sem índices de violência e pobreza, enquanto as “grandes” cidades são sinônimo de progresso e carreira profissional, porém há maior disparidade econômica e criminalidade. São Caetano do Sul (SP) foi eleita novamente como a melhor cidade pra se morar, com base no IDH. A população é atraída pelas ofertas de emprego no setor automobilístico.
            Mais do que receber um título, é preciso entender o povo em sua essência: quais são seus anseios e necessidades? Este contentamento diagnosticado é real ou induzido? É possível sustentar este “modelo” em longo prazo? Administrar cidades não é só tarefa de gestor, é uma análise minuciosa dos desejos de um povo, oferecendo-lhe não apenas o essencial, como também atributos intangíveis que vão desde conforto, segurança e autoestima.

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos 

Nenhum comentário:

Postar um comentário