Definir
o grau de satisfação das pessoas por meio do resultado “melhor cidade pra se
viver” implica em desconsiderar aspectos subjetivos. O que é bom para um, pode
não ser para outro. É preciso aferir a qualidade dos serviços oferecidos
(públicos e privados), infraestrutura, transporte, além das características
peculiares de cada cidadão – seu bem estar, segurança, reconhecimento enquanto
profissional, relacionamento com a família, entre outros.
O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)
é um parâmetro utilizado para medir o progresso de uma região com base em três
dimensões básicas: renda, educação e saúde. Mas será quem ganha um bom salário
está satisfeito? Ter um ensino de qualidade implica num bom rendimento escolar?
Ser referência em saúde significa que todas as pessoas estão imunes de doença e
saudáveis?
Dizer que um lugar é ótimo pra ser
viver é uma questão muito relativa, haja vista que depende do que cada
indivíduo prioriza: é trabalho? É qualidade de vida? É estar perto dos amigos? Veja
quem nem sempre é possível conciliar todos esses aspectos e é por isso que
acabamos nos adaptando ao ambiente no qual vivemos. Às vezes a necessidade nos
faz tomar determinadas escolhas e, para isso, renunciar outras.
As cidades do “interior” são tidas
como pacatas, sem índices de violência e pobreza, enquanto as “grandes” cidades
são sinônimo de progresso e carreira profissional, porém há maior disparidade econômica
e criminalidade. São Caetano do Sul (SP) foi eleita novamente como a melhor
cidade pra se morar, com base no IDH. A população é atraída pelas ofertas de
emprego no setor automobilístico.
Mais do que receber um título, é preciso
entender o povo em sua essência: quais são seus anseios e necessidades? Este
contentamento diagnosticado é real ou induzido? É possível sustentar este “modelo”
em longo prazo? Administrar cidades não é só tarefa de gestor, é uma análise
minuciosa dos desejos de um povo, oferecendo-lhe não apenas o essencial, como
também atributos intangíveis que vão desde conforto, segurança e autoestima.
Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos
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