quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Violência não é democracia

O Brasil vive um verdadeiro carnaval nas ruas, onde quem se diverte são os foliões mascarados e quem paga a conta somos nós. Estamos falando das manifestações que ganharam outra face ao incorporarem indivíduos empenhados na destruição e violência, grupo esse chamado de Black Block. Estes aproveitam o ensejo dos grupos ativistas para causar baderna, caos e depredação de patrimônio, colocando em risco cidadãos de bem, trabalhadores e famílias.
Especialistas oscilam entre garantias individuais, como o direito de liberdade de expressão e direitos fundamentais como segurança e proteção. Ao alegar que todo ato de protesto é legítimo, sucumbem o verdadeiro sentido de um manifesto pacífico. Não se sabe mais os reais motivos, pois o que deveria ser um exercício democrático acaba virando desordem, caos e anarquia.
Motins que não tem hora nem dia para começar afetam a sociedade como um todo, pois comprometem o transporte, a qualidade dos serviços, ameaçam o comércio e geram custos ao governo e aos empresários que têm que fazer reparos, manutenção ou substituição de tudo que é destruído pelos vândalos. Quem paga por tudo isso é o próprio cidadão, seja através de impostos mais caros, seja por meio da inflação.
Essa violência barata e gratuita remete aos primórdios, onde não tinha outra forma de conseguir algo a não ser através da força e guerra. As autoridades que deveriam tomar soluções enérgicas são vítimas de uma justiça que faz vista grossa a crimes de menor potencial ofensivo. A sociedade demora séculos para construir valores que caem por terra em fração de segundos.
Indivíduos insolentes sempre existiram, mas esses que usam o estado democrático de direito como pretexto para fazerem o que querem não merecem ser chamados de cidadãos – precisam ser punidos, não como criminosos, mas como terroristas que ameaçam a democracia, o direito da liberdade e a necessidade de segurança. Enquanto perdurar a impunidade, pessoas de bem, inocentes, que não têm culpa de nada pagarão o preço por viver numa sociedade sedenta de justiça e paz.

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Desejos e sentimentos

            Existem muitas canções, em especial as sertanejas, que retratam o grande dilema do amor, os sentimentos que ele provoca, bem como as paixões e desilusões amorosas. Seria o homem predisposto a sofrer por amor? Alguns têm medo de sentir atração por outra pessoa, outros têm interesse por indivíduos diferentes em pouco espaço de tempo. É nato do ser humano viver essa instabilidade no amor, ou devemos encaram como liberdade e emancipação dos desejos?
            Luiz Felipe Pondé, escritor e filósofo, já dizia que nem só de liberdade vive o desejo, mas também de medo, pecado e vergonha. Esse livre arbítrio nos motiva a escolher parceiros com que desejamos satisfazer necessidades sexuais e caso exista afinidade, constituir uma relação sólida e duradoura. E quando assumimos compromissos com esta, deveríamos, pelo menos, honrá-los. Mas eis que fatores instintivos e perversos podem balançar tal relacionamento.
            Certos indivíduos idealizam o parceiro e projetam nele seus desejos mais íntimos, expõe sua intimidade, pois acreditam em sua boa índole. Não que isso seja errado, mas em qualquer circunstância, a racionalidade deve falar mais alto que as emoções. Há pessoas que mergulham no universo dos sentimentos, na esperança do parceiro corresponder suas expectativas, não aferindo os riscos e danos que tal investimento possa custar.
            É fácil falar “vá com calma”, “não se apaixone”, quando na verdade não é possível medir um sentimento, algo intrínseco e subjetivo, que só quem sente pode questioná-lo. A poetisa Cora Carolina escreveu que coração dos outros é terra que ninguém pisa. E uma coisa é certa: ninguém pode se entregar a outrem, sem conhecer a si mesmo, seus desejos e intenções.
            Num tempo em que muitos querem ganhar tempo, colecionando relacionamento como troféus, é preciso ser menos instintivo e mais racional. As necessidades sexuais não podem sobrepujar os valores morais, banalizando as relações amorosas e as instituições como o matrimônio e união estável. É digno de louvor que sabe administrar seus desejos, controla seus instintos e não culpa a sociedade pela promiscuidade, perversão e vazio sentimental humano.

           
Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos 

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Enquanto há tempo

            O físico Benjamin Franklin já dizia que tempo é dinheiro e não estava errado com essa afirmação.  Atualmente, temos tantos afazeres diários que às vezes o dia fica curto para cumpri-los. É trabalho, são os estudos, compromissos, família, negócios e quase não há tempo para o lazer. Somos cobrados, tanto pelas instituições, como pela sociedade, a estar a par de tudo – tendências, novidades, notícias. O mesmo acontece com nossa formação – precisamos cada vez mais de qualificação, a fim de mantermos nosso trabalho e galgar novas posições no mercado.
            Essa necessidade de administrar o tempo para resolver tudo que está pendente tem levado muitos a sentirem culpa por não conseguirem atingir seus objetivos – a esposa se queixa que o marido não tem tempo para ela, o filho reclama que os pais ficam o dia todo fora de casa e assim vão adiando esse tempo na esperança de que um dia tudo se normalize.
            Há quem diga que é prazeroso sair de casa de manhã e só voltar à noite. Eles sentem-se satisfeitos com a rotina que levam e têm pânico em ficar ociosos. A verdade é que enquanto o vigor físico existir haverá predisposição para aturar rotinas. Mas é preciso cautela para não confundir necessidade com obsessão, pois esta última pode levar ao estresse e a pessoa só percebe quando chega no seu limite, exteriorizando através de insultos, intolerância, raiva e agressividade.
            O mundo contemporâneo cobra demais das pessoas – a gente tem que ser filho, aluno, irmão, colega, cidadão, motorista e se falhamos em algum desses papéis é porque não estamos preparados para lidar com contratempos. A cultura brasileira exige que sempre acertemos de imediato, o que de certa forma cria uma frustração quando não conseguimos desempenhar/realizar/executar determinada tarefa com êxito.
            Devemos analisar em qual estágio nossa vida se encontra: se é aquele onde não temos tempo nem pra nós, nem para os outros ou se conseguimos administrá-la de tal forma que o tempo não interfere negativamente nas relações sociais e familiares. Mais do que ser reconhecido pelo esforço e dedicação, é preciso medir nossa satisfação pessoal, além de procurar descobrir qual a imagem que os outros têm de nós.

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Terra sem lei, cidadão sem vez

Há pelo menos três meses os telejornais só têm noticiado manifestações – estudantis, sindicalistas, progressistas e por aí vai. Estamos cansados de ouvir que tais reivindicações são legítimas na medida em que vivemos numa democracia e todos têm o direito de expressar seus anseios e lutar por causas justas. O problema começou quando os manifestos foram tomados por uma onda de violência, atribuída principalmente a grupos que fazem das ruas uma anarquia através do vandalismo.
            Recentemente a categoria dos professores tem saído às ruas em busca de melhores salários, plano de carreira, melhores condições de trabalho e reconhecimento enquanto profissional responsável pela formação de cidadãos. Com isso a greve se estende e prejudica diversos alunos, que se tivessem condições, não precisariam da educação pública.
            O descontrole e o caos já tomam conta das grandes cidades. De um lado os manifestantes exigindo reformas, do outro as vândalos, incitando a violência, destruindo patrimônio público e privado. O cenário de guerra esta armado. Autoridades se vêem impotentes diante da precisão e audácia dos marginais. No dia seguinte, contabilizam os prejuízos, os mortos e feridos. E a sensação é de haverá sempre um motim iminente.
            O estado repudia todo ato violento e diz que vai punir cada um dos responsáveis, mas estes são “malandros” e escondem os rostos para não serem identificados. Instaura-se um clima de segurança e uma onda de incertezas num país que já detém altos índices de violência urbana. Com isso, aqueles cujo desejo é apenas reivindicar, acabam sendo prejudicados pela minoria empenhada num terrorismo barato e espontâneo.
            Diante desse cenário é possível afirmar que o empenho das milícias é ineficaz na contenção de pequenas ondas de violência e não tem condições de evitar tamanha destruição. A impressão que se tem é de que estamos numa cadeira de cinema para assistir filmes de “bang-bang” – a única força que pode combater o inimigo são balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, numa terra sem leis, onde os cowboys trocam as armas por pedras, paus e tudo que encontrar pela frente.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Mais ética, menos proselitismo

A saúde brasileira tem sido alvo de muitas especulações depois do programa “Mais Médicos” instituído pelo governo federal. Como se já não bastasse a importação de médicos cubanos, sob o pretexto de que os daqui não querem trabalhar, soma-se a denúncia feita pela TV Globo onde médicos são flagrados vendendo receita sem consulta. Coincidentemente ou não, a gente sabe que tais práticas sempre existiram nas mais diversas áreas e profissões. Todavia isso não justifica sair por aí forjando receitas e prescrições. A reportagem veio a calhar em um momento no qual já se fala sobre candidaturas à presidência nas eleições de 2014.
O atual governo comunga com regimes ditatoriais como o da Venezuela, Cuba e Bolívia e costuma dar presente de turco aos pobres, doando com uma mão e surrupiando com a outra. Aqui, arrecada-se muito e distribui-se mal, quando não os recursos nem são destinados aos setores emergentes, pois o funcionalismo público morde grande fatia do PIB (Produto Interno Bruto).
Hugo Chávez, ex-presidente venezuelano deixou uma herança ao país, controlando os veículos de comunicação e obrigando seus cidadãos a ouvirem horas de propaganda governamental nas rádios do país. Aqui, embora ainda haja liberdade de expressão (pelo menos em tese), existe manipulação de certos veículos – empresas que atuam no ramo de telecomunicação e que fazem propaganda governamental. No Brasil também, costuma-se vender o que ninguém compra – muita gente não sabe, mas o endividamento da Petrobras cresce a cada ano e não há perspectivas de melhora. É claro, esses meios de comunicação ganham muito para falar bem de que os mantém.
A gente já viu que a ousadia petista é tamanha que o país parece mais a casa da mãe Joana – carece de ordem e progresso. Até a justiça que deveria dar exemplo, é frouxa. Aliás, o legislativo trabalha de forma que a leis sejam dúbias, onde sempre pode haver uma interpretação subjetiva.
Uma democracia não impõe regras, mas sim dá liberdade aos seus cidadãos. O direito ao voto deixa de ser exercício de cidadania, quando este é obrigatório. Mas aqui não poderia ser diferente - a massa é quem faz a diferença na contagem dos votos, por isso é preferível deixar muitos analfabetos, pois quanto menor o grau de instrução, maior a probabilidade de persuasão.
Basta ouvir opiniões de quem tem compromisso com a verdade e que não precisa ser conivente com um governo déspota, para enxergar aquilo que a mídia distorce e/ou manipula. Ela dita moda, tendência, influencia comportamento, mas é preciso ter  concepção própria acerca dos fatos e senso crítico para conquistar autonomia e  não alienação.