quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Enquanto há tempo

            O físico Benjamin Franklin já dizia que tempo é dinheiro e não estava errado com essa afirmação.  Atualmente, temos tantos afazeres diários que às vezes o dia fica curto para cumpri-los. É trabalho, são os estudos, compromissos, família, negócios e quase não há tempo para o lazer. Somos cobrados, tanto pelas instituições, como pela sociedade, a estar a par de tudo – tendências, novidades, notícias. O mesmo acontece com nossa formação – precisamos cada vez mais de qualificação, a fim de mantermos nosso trabalho e galgar novas posições no mercado.
            Essa necessidade de administrar o tempo para resolver tudo que está pendente tem levado muitos a sentirem culpa por não conseguirem atingir seus objetivos – a esposa se queixa que o marido não tem tempo para ela, o filho reclama que os pais ficam o dia todo fora de casa e assim vão adiando esse tempo na esperança de que um dia tudo se normalize.
            Há quem diga que é prazeroso sair de casa de manhã e só voltar à noite. Eles sentem-se satisfeitos com a rotina que levam e têm pânico em ficar ociosos. A verdade é que enquanto o vigor físico existir haverá predisposição para aturar rotinas. Mas é preciso cautela para não confundir necessidade com obsessão, pois esta última pode levar ao estresse e a pessoa só percebe quando chega no seu limite, exteriorizando através de insultos, intolerância, raiva e agressividade.
            O mundo contemporâneo cobra demais das pessoas – a gente tem que ser filho, aluno, irmão, colega, cidadão, motorista e se falhamos em algum desses papéis é porque não estamos preparados para lidar com contratempos. A cultura brasileira exige que sempre acertemos de imediato, o que de certa forma cria uma frustração quando não conseguimos desempenhar/realizar/executar determinada tarefa com êxito.
            Devemos analisar em qual estágio nossa vida se encontra: se é aquele onde não temos tempo nem pra nós, nem para os outros ou se conseguimos administrá-la de tal forma que o tempo não interfere negativamente nas relações sociais e familiares. Mais do que ser reconhecido pelo esforço e dedicação, é preciso medir nossa satisfação pessoal, além de procurar descobrir qual a imagem que os outros têm de nós.

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos 

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