sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Corrupção e impunidade

No Brasil nunca se ouviu falar tanto em impunidade, desde o escândalo do “mensalão” e agora, recentemente, do “propinoduto” que envolve o partido PSDB na fraude de licitações para a manutenção de trens e metrôs da cidade de São Paulo. O povo não acredita mais no poder judiciário que repudia atos ilícitos, mas não faz valer as sanções aplicadas aos condenados.
É notório que a injustiça anda à solta e beneficia principalmente aqueles que detêm poderio político e/ou econômico. Esse sistema classicista usa mão-de-ferro para punir crimes de natureza leve, como o furto de alimentos para consumo e faz vista grossa para a corrupção, peculato e formação de quadrilha, que prejudicam milhares de pessoas, uma vez que faz uso indevido do dinheiro público.
Outro problema que afeta os “menos favorecidos economicamente” é a falta de defensores públicos – sem dinheiro para pagar advogados ficam à mercê da justiça lenta e burocrática. Rui Barbosa já dizia que a justiça tardia nada mais é que a injustiça institucionalizada. Isso leva à superlotação carcerária, que já é a quarta maior do mundo com quase meio milhão de detentos.
A questão de levar vantagem indevida em virtude do cargo ocupado está associada ao pensamento de Maquiavel: “Dê o poder ao homem, e verás quem realmente ele é”. Foi o que aconteceu com várias figuras políticas no Brasil e o episódio tem se repetido atualmente. Tal fato denota o “câncer” brasileiro – a corrupção – um mal que denigre e identifica a política nacional e mostra a ineficiência das leis em punir quem é corrupto.
A sociedade clama por um sistema judiciário onde as leis sejam válidas para todos, sem distinção, porque não é possível falar em justiça num país que vê “bandidos” saírem pela porta da frente dos tribunais. A Constituição que os condena é a mesma que lhes dá o direito a embargos, a fim de anular a sentença judicial, enquanto ganham tempo em liberdade até culminar com a prescrição da pena.

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos. 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Mulheres do século XXI

Foi-se o tempo em que elas se dedicavam exclusivamente aos filhos e aos afazeres domésticos. Hoje a mulher moderna é habilidosa ao conciliar seu trabalho, família e vida pessoal de maneira versátil e eficaz. Elas estão conquistando cada vez mais espaço na sociedade e o conceito de “sexo frágil” tem caído por terra. O que ainda falta é erradicar a diferença salarial entre homens e mulheres, bem como resquícios machistas do mundo atual.
Este negócio de que os serviços do lar é tarefa estritamente feminina é uma visão egoísta e preconceituosa. Onde está escrito isso? Eles não deixarão de ser “menos homem” ao lavar uma louça ou limpar uma casa. Vivemos num tempo em que todos contribuem para o orçamento familiar e não é justo o indivíduo do sexo masculino chegar em casa, sentar no sofá e fingir que tudo está em ordem e que não há nada para fazer. É questão de bom senso.
Como a mulher não mais depende financeiramente do homem ela não vê a necessidade de subordinar sua vida e felicidade a ele, ainda mais com os avanços técnico-científicos que já permitem a reprodução independente. Essa nova configuração familiar é cada vez mais comum, o que coloca a união entre homem e mulher em jogo na medida em que o nível de tolerância entre casais diminui.
A verdade é que os “padrões sociais” estão sendo quebrados – há uma mudança cultural e de valores – elas estão mais instruídas e sentem que devem dividir os papéis em casa, ao invés de serem submissas, passivas e servis. O homem já esta entendo que perante elas, a única diferença é o gênero, pois em questão de capacidade são excelentes tanto quanto eles.
O retrato da mulher atual quebra paradigmas de uma sociedade que conserva de maneira velada seu machismo. Precisamos evoluir e ter empatia para notar que sem elas, compromete-se a perpetuação da espécie humana e que com seu potencial, afinco, delicadeza e sagacidade podemos ir mais longe. Por isso, não devemos subestimá-las, pois seu papel na sociedade é fundamental e essencial para qualquer grupo, família e nação.

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Devolva a copa

            Não quero de maneira nenhuma ser contra aos programas que beneficiam pessoas de baixa renda, apesar de duvidar da sua política, gestão e resultados em longo prazo.
            Recentemente a presidente sancionou uma lei que prevê meia entrada para jovens entre 15 e 29 anos de baixa renda em eventos culturais e esportivos – são 40% do total de ingressos. A mesma lei também garantirá pelo menos quatro assentos nos ônibus municipais, intermunicipais e entre estados.
            Engraçado que em algumas partidas de futebol, como aconteceu no estádio do “Mané Garrincha” em Brasília, no clássico entre Santos e Flamengo, a entrada mais barata custava 100 reais. Isso é democracia?
            Quando pensamos em sair de casa para viajar já temos que fazer as contas de quanto pagaremos de pedágio, haja vista que muitas rodovias são privatizadas, o que devia ser uma obrigação do estado, já que o IPVA deveria ser destinado à conservação das estradas.
            Voltado na questão do esporte, o Brasil vai sediar a Copa e as Olimpíadas, mas vem se preparando para isso? A Jornada da Juventude que aconteceu no Rio de Janeiro, apesar do prefeito Eduardo Paes ter dito que foi um sucesso, houve alguns imprevistos como a chuva que levou os fiéis para a praia de Copacabana. Com isso os comerciantes da região do “Campus Fidei” tiveram um enorme prejuízo, uma vez que investiram em infraestrutura e suprimentos, a fim de atender a demanda estimada. Sem contar na “pane” do metrô, a demora e atraso dos ônibus.
            O investimento pesado na construção de estádios já está custando caro para o brasileiro. Há estimativas de que serão aplicados 50 milhões até o final das obras. Tudo isso para atender aos “padrões FIFA”.
            Um país que prioriza o esporte, justificado pelo turismo e aquecimento da economia, também vê o futebol como elevação cultural, mas esquece que sem saúde e educação não se pode construir uma sociedade justa, igualitária, digna de respeito e aplausos.
            A condição de “baixa renda” não determina que uma pessoa não tem capacidade de enxergar o que está diante dos seus olhos: o descaso com o povo, a subestimação de seu intelecto e a ostentação disfarçada num falso poderio econômico, desmantelado pela mazelas da gestão pública.

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A hora e a vez


A crise atual denota a insatisfação geral diante do cenário econômico-político brasileiro, galgado pela hierarquização social, falso poder de compra e vulga qualidade de vida.
Não é preciso morar em cidade grande para saber que o serviço público (às vezes privatizado, como trens, ônibus e metrôs) está mal das pernas. Basta utilizá-los para verificar sua eficiência e credibilidade – a verdade é que o cidadão se conforma(va) com isso, mas hoje, se não tem acesso à internet, pode sair às ruas para demonstrar sua indignação. Não que antes ele não podia, mas agora, impulsionados pelo momento crítico, estão motivados a lutar pelos direitos sucumbidos. Se surte algum efeito, nem as pesquisas podem determinar, porém a presidência, embora demonstrando controle da situação, vê seu império balançado pela forte onda de protestos que não raras vezes culmina com destruição do patrimônio público e privado.
Em um ano voltado para a juventude, papa Francisco (líder da Igreja Católica), disse que jovem que não protesta, não lhe agrada. Veja a importância que um formador de opinião tem na sociedade. Muitos poderiam dizer que ele (o papa) está incitando o motim, a baderna, mas se formos traduzir bem, sua intenção foi a das melhores – que nós, temos o dever de manifestar nossa indignação diante daquilo que não nos agrada. E se a insatisfação é unânime, logo dever haver uma causa justa. Ela (a presidente) tentou se justificar dizendo que o povo está indignado porque seu governo deu mais oportunidades e uma vez dado tanto benefício o cidadão está ambicioso e exige mais conquistas. Quase que convenceu (era melhor ter ficado calada).
Bem, se um dia podemos financiar um carro, uma casa ou um móvel nas Casas Bahia isso não vem ao caso, mesmo porque pegamos todos os juros, impostos e correções monetárias. Mais do que poder econômico, o brasileiro precisa de DIGNIDADE. Dignidade não é só comida. Dignidade é sair de casa as quatro da matina, subir num ônibus e ir sentado. E mais, ser digno é ter oportunidade, não ser marginalizado, não ser vítima do descaso, do abandono social, da exclusão geográfica... Dignidade é poder se curar de uma pneumonia e não morrer por ela. Dignidade é poder ir pra escola não pela merenda e sim pelo estudo. Dignidade não é morar num país que prioriza mais o esporte do que a ascensão social, a distribuição de renda, a saúde, a educação e por aí vai. Muito pelo contrário, incentiva a concentração de renda nas mãos de poucos, o uso de dinheiro público para interesses particulares. É um rol de oportunismos, oportunistas e especialistas em usurpar a política como meio de vida em detrimento dos menos favorecidos.
Brasil, o país do papa, do pop, do poupa-tempo e do “quem pode mais, chora menos”.

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Imprudência

Que o trânsito vitima milhares de pessoas a cada ano não é novidade pra ninguém e apesar do rigor das leis, tirar a vida de alguém conduzindo um veículo automotor ainda é considerado crime culposo (quando não há intenção de matar). Não raras vezes o infrator responde em liberdade e se julgado pode até cumprir pena em domicílio.
Vocês se lembram do caso em que um estudante atropelou um ciclista na avenida Paulista este ano em São Paulo? A vítima teve o braço decepado e o condutor do veículo jogou o membro em um córrego. Ainda que ele (condutor) não teria intenção atropelar, precisava ter feito tamanha barbaridade?
Todos motorista está sujeito a atropelar alguém, porém alguns assumem o risco ao conduzirem embriagados, em alta velocidade, fazendo manobras “radicais”. Nesses casos pode haver o “dolo eventual” (ele tinha a ciência do que podia provocar). Mas será que tais infratores, quando réus, aprendem com a lição?
A verdade é que se não for pego em “flagrante” o motorista mantém sua vida social até que sejam apurados os fatos. Não que ele teria de ser preso imediatamente, mas é revoltante ver o infrator sorrindo enquanto a família da vítima sofre e clama por justiça.
Diante do exposto, podemos considerar que o crime no trânsito “vale a pena”, pois a justiça, além de lenta, é tênue e está mais ao lado de quem infringe às regras do que de quem as obedece. Mais do que reforma política, precisamos é de reforma constitucional. Há muita gente “dolosa” sorrindo, enquanto pais enterram filhos se lamentando.

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos

SUS, socorro!

              Com o tempo a gente aprende que sem saúde não somos nada. E que sem plano de saúde, somos menos ainda (se é que plano é garantia de algo).
           Quando o corpo definha, o indivíduo se sente impotente, dependente e nós que estamos de fora não podemos fazer nada a não ser esperar enquanto vê a pessoa sofrendo e abatida. É horrível! Nessas horas a gente pensa em tudo... Até no pior. Já começa a se precaver para tudo que possa acontecer. E tentar se preparar para isso.
            A incapacidade de saber lidar com essas situações é tamanha que não sabemos se dizemos “não, está tudo bem” ou “respira fundo, vai passar”, quando na verdade a situação é crítica e desesperadora. Se vai para o SUS, não tem médico (porque não tem prioridade). A verdade é que a pessoa tem que chegar morrendo pra dizerem “nossa, o estado dela é grave”. Não quero lamentar o descaso da saúde pública (porque isso todo mundo já sabe). Gostaria de salientar que quando estamos doentes vemos o quanto dependemos dos outros para se sentir melhor. Como se já não bastassem os olhares de piedade, compaixão e até mesmo aquele cinismo disfarçado querendo dizer “nossa, que pena”. Ninguém precisa de pena, porque dó às vezes é sinônimo de “bem feito”. O ser humano precisa de saúde, mas acima de tudo, de dignidade. Dignidade não é ser tratado como prioridade, pois o nome disso é obrigação! Dignidade é ser considerado como gente, independente de seu papel na sociedade, haja vista que “pessoas influentes” sempre tem portas abertas onde quer que forem. Agora pessoas “anônimas”, que são apenas números nas estatísticas, não têm voz nem vez. Padece no paraíso daqueles que esbanjam dinheiro público e que sambam na cara de quem está caído nos corredores dos hospitais.
             O estado de São Paulo é o mais rico do país, porém também o que mais necessita de serviços de qualidade. Por que onde não existe uma prestação de serviço à comunidade, não se pode dizer que ele não presta (como é o caso de muitas regiões do país). Mas se o serviço é oferecido ele deve, por excelência, ser garantido a todos, sem distinção, sem partidarismo, sem egoísmo e com decência. Dizer que é referência em saúde é muito fácil. Agora experimente perguntar ao usuário se ele está satisfeito. Quando não falta médico, falta remédio. Quando não, faltam os dois! Ou até mesmo falta tudo, inclusive respeito, cidadania e DEMOCRACIA!

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sexualidade

Até por volta da década de 60 do século passado tudo que era relacionado à sexualidade representava um tabu na vida das pessoas – o sexo não saía das quatro paredes e as gerações cresciam cheias de dúvidas e equivocadas. Todavia houve muitas mudanças culturais – movimentos que pregavam a liberdade sexual – e com o passar do tempo o universo sexual, que era privado, passou a fazer parte do contexto social. Atualmente o sexo é encontrado sob forma de conteúdo, serviço, produto, o que faz com que qualquer um possa ter acesso a ele ou às fontes de erotismo e de prazer.
Até hoje muitos pais usam da metáfora para designar órgãos sexuais, bem como relações que envolvam o ato sexual. A criança cresce com esse sentido figurado e não raras vezes descobre sozinha o próprio corpo, pois se não tem quem ensina e orienta, ela mesma vai em busca das informações. Tal atitude pode ser negativa na medida em que ela vivencia experiências que não necessariamente precisa, o que pode culminar numa perversão sexual, banalização do sexo ou até aversão a ele.
Falar sobre sexo é tão normal quanto discutir sobre religião e não existe idade mínina para que o assunto seja introduzido no âmbito familiar. O que não pode acontecer é passar a informação errada, porque o adolescente precisa de alguém em quem confiar e seus pais não dizem a verdade, ele(a) vai buscar outras fontes e recursos. Por isso é importante comentar sobre nossas próprias experiências sexuais a fim de que os “inexperientes” não repitam erros que a gente cometeu.
É preciso lembrar que ninguém está incentivando a prática do sexo como única fonte de canalizar nossas energias. O assunto deve ser abordado de modo que os jovens tenham ciência de que ele é saudável, mas que não existe idade certa para se ter a primeira relação sexual, nem tampouco que quem não pratica sexo é anormal e sofre de algum distúrbio – cada qual tem necessidade ou não de ter relações sexuais seja com quem ou quantas vezes quiser.
             A educação sexual não é papel só da escola – pais, responsáveis, tios, irmãos, avós ou amigos têm o dever de acompanhar o processo evolutivo da sexualidade da criança/adolescente, de modo que este não cresça à mercê da sociedade. A promiscuidade é um mal que vitima milhares de jovens e colocam-nos num mundo de fantasia, ilusório e surreal, e quando “acordam” já estão doentes e dependentes de sexo tal qual usuário de drogas. Sexo é bom, mas deve ser ponderado!

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos

Homofobia

            O que muita gente não sabe é que homossexual não é só aquele homem com “jeitos delicados” e nem tampouco aquela mulher com “trejeitos masculinos” – eles vão desde os “esteriotipados” até os mais discretos e reservados. Já os homofóbicos (quem tem aversão aos gays) não apresentam características definidas a não ser a modo de ver os homossexuais como uma “espécie” bizarra que deve ser repudiada, desprezada e não raras vezes maltratada, seja pela violência física ou verbal.
            A homofobia pode ser entendida como a incapacidade de aceitar a diversidade sexual, uma vez que o comportamento gay “destoa” dos padrões da maioria, que é a atração por pessoas do sexo oposto. Logo, a condição de homossexual representa uma ameaça a ele (heterossexual) e a sociedade. Às vezes essa hostilidade é inconsciente, pois o homofóbico tem medo de nutrir qualquer sentimento por uma pessoa do mesmo sexo – é como se precisasse se autoafirmar enquanto hétero.
            O preconceito não raras vezes acontece de forma velada – com “piadinhas”, ironias e até exclusão de grupos ou atividades. Isso fere principalmente aqueles que ainda não se aceitam como gay, pois esse processo pode demorar anos (há casos em que o indivíduo passa uma vida toda negando a própria sexualidade). Vale lembrar que a homofobia também brota do próprio meio gay – talvez pela arrogância e prepotência, querendo um ser melhor que o outro.
            Há pessoas conservadoras que também não veem com bons olhos as atitudes homossexuais – com base em seus princípios éticos e religiosos, condenam tal prática e acreditam que é um desvio de comportamento. Para eles que viveram em outra época é mais difícil entender que gays são assim não por opção (pois ninguém gostaria de sofrer insultos e difamação), mas porque as circunstâncias os levaram a adotar essa identidade.
           Seja qual for a motivação, não se pode condenar alguém pelo simples fato de ser homossexual, pois como disse o Papa Francisco: “se uma pessoa é gay e procura a Deus, quem sou eu pra julgá-lo?”. Partindo dessa afirmação, podemos concluir que se o indivíduo é gay, mas tem bons comportamentos diante da sociedade, não há razões para excluí-lo e condená-lo. Homofobia é ato de gente mesquinha e quadrada que precisa ser amparada por leis para ser banida das relações humanas.

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos