A prisão de pelo menos dez
condenados pelo processo do mensalão parecia uma realidade distante,
contrariando as expectativas da sociedade, bem como dos próprios réus. Eles
alegam que foram vítimas do populismo midiático e por isso tiveram uma pena
dura e injusta. Estão agora no mesmo distrito onde, ao invés de utilizar
recursos para o bem comum, aproveitaram o poder que tinham para transformar a
coisa pública em “coisa nostra”.
Segundo investigações, o esquema que
levou tais indivíduos à cadeia extraiu cerca de 100 milhões dos cofres
públicos, prejudicando a população brasileira direta e indiretamente.
Coincidência ou não, o escândalo veio à tona no governo do então ex-presidente
Lula, que alega não saber de nada desde o princípio. Difícil acreditar quando vemos
que os principais mentores do esquema tinham ligação direta com o Partido dos
Trabalhadores, como José Genuino, ex-presidente do PT.
Há quem diga que aqueles cuja pena
foi superior a oito anos, não deveriam cumprir pena em regime fechado, uma vez
que não oferecem perigo à sociedade, pois cometeram crimes de menor potencial
ofensivo. Como se surrupiar dinheiro público não matasse pessoas por falta de
recursos nos hospitais; como se desviar verbas destinadas à educação não
fizesse tantas vítimas do analfabetismo... Mas não, roubar uma galinha ou um
pacote de arroz é mais grave do que se apropriar de dinheiro público.
A questão é se eles terão o mesmo
tratamento dado aos demais presidiários, pois figuras públicas/políticas não
costumam se misturar com a “massa”, ainda mais se tratando de crimes de comoção
popular. Sabe-se que Genoino já alegou problema de saúde e pediu prisão
domiciliar. Henrique Pizzolato fugiu para a Itália. E aqueles que foram
beneficiados pelo regime semiaberto poderão trabalhar durante o dia.
A reclusão dos condenados abre um
novo cenário na justiça brasileira, mas ainda há muito em que se avançar nas
leis e no cumprimento delas. Um processo que demorou pelo menos oito anos para
ser transitado em julgado, ainda não puniu severa e efetivamente todos réus
nele envolvidos. Muitos ainda protelam a sentença através dos embargos
infringentes e com isso ganham tempo para mexer os “pauzinhos” e se beneficiar
de regalias cujas brechas da Lei proporcionam.
Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos