terça-feira, 19 de novembro de 2013

Mensalão: um caso encerrado?

            A prisão de pelo menos dez condenados pelo processo do mensalão parecia uma realidade distante, contrariando as expectativas da sociedade, bem como dos próprios réus. Eles alegam que foram vítimas do populismo midiático e por isso tiveram uma pena dura e injusta. Estão agora no mesmo distrito onde, ao invés de utilizar recursos para o bem comum, aproveitaram o poder que tinham para transformar a coisa pública em “coisa nostra”.
            Segundo investigações, o esquema que levou tais indivíduos à cadeia extraiu cerca de 100 milhões dos cofres públicos, prejudicando a população brasileira direta e indiretamente. Coincidência ou não, o escândalo veio à tona no governo do então ex-presidente Lula, que alega não saber de nada desde o princípio. Difícil acreditar quando vemos que os principais mentores do esquema tinham ligação direta com o Partido dos Trabalhadores, como José Genuino, ex-presidente do PT.
            Há quem diga que aqueles cuja pena foi superior a oito anos, não deveriam cumprir pena em regime fechado, uma vez que não oferecem perigo à sociedade, pois cometeram crimes de menor potencial ofensivo. Como se surrupiar dinheiro público não matasse pessoas por falta de recursos nos hospitais; como se desviar verbas destinadas à educação não fizesse tantas vítimas do analfabetismo... Mas não, roubar uma galinha ou um pacote de arroz é mais grave do que se apropriar de dinheiro público.
            A questão é se eles terão o mesmo tratamento dado aos demais presidiários, pois figuras públicas/políticas não costumam se misturar com a “massa”, ainda mais se tratando de crimes de comoção popular. Sabe-se que Genoino já alegou problema de saúde e pediu prisão domiciliar. Henrique Pizzolato fugiu para a Itália. E aqueles que foram beneficiados pelo regime semiaberto poderão trabalhar durante o dia.
            A reclusão dos condenados abre um novo cenário na justiça brasileira, mas ainda há muito em que se avançar nas leis e no cumprimento delas. Um processo que demorou pelo menos oito anos para ser transitado em julgado, ainda não puniu severa e efetivamente todos réus nele envolvidos. Muitos ainda protelam a sentença através dos embargos infringentes e com isso ganham tempo para mexer os “pauzinhos” e se beneficiar de regalias cujas brechas da Lei proporcionam.

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sem ordem não há progresso

O Brasil está tomado por ativistas, que abraçam as causas sociais e não medem esforços para conseguir o que querem. Nessa batalha em prol da justiça, certos militantes usam a força como instrumento, a fim de atingir seus objetivos, passando até mesmo por cima da lei, quando não faltam com a ética. Agora que as ruas ganham voz, basta expor-se na mídia para que seus ideais sejam compartilhados, ganhando força, apoio e adesão.
Integrar grupos, organizações e ONG´s preocupadas com causas nobres denotam o espírito esquerdista daqueles que têm sede de igualdade. Defendem até mesmo o direito dos animais em detrimento do homem. Caso encenado pela invasão do Instituto Royal onde cães da raça beagle foram libertos sob o pretexto de que sofriam maus tratos, ao serem utilizados como “cobaias” em pesquisas para a formulação de cosméticos. Agora a instituição fecha as portas, levantando questões sobre como serão realizados os testes antes de serem aplicados em humanos.
Da mesma forma agem os manifestantes nas ruas, apoiados até mesmo pela elite burguesa. Esta última, chamada de esquerda caviar, gosta de incentivar atos em prol dos pobres e oprimidos, enquanto gozam de prestígio, conforto e regalias. Elas se expõem na mídia como defensores de uma sociedade mais justa, porém estão pouco se lixando por aqueles que sofrem com as mazelas da gestão pública, mesmo porque não precisam do Estado para enriquecerem e nem utilizam os serviços prestados por ele.
Esse viés de esquerda é totalmente desmantelado ao focarmos mais em fatos do que em argumentos – usar personagens, como o pedreiro Amarildo, para pregar a justiça social é uma forma se autopromever à custa da desgraça alheia. São socialistas convictos, mas não abrem mão dos prazeres que o capitalismo proporciona. Discursam em terceira pessoa (nós), enquanto na análise sintática exercem a função de sujeito (eu) e são aplaudidos pelo agente da passiva (você).
O Brasil vive um momento critico na política e na democracia. É preciso cautela ao levantar bandeiras e lutar pelos diretos das minorias e daqueles que não podem falar (animais). Ainda que não se possa confiar na justiça, passar por cima da lei mostra que exige-se respeito enquanto não o tem; exige-se justiça, enquanto usamos nossa medida para julgar os outros. O país precisa de cidadãos que têm sede de transformação, mas para isso é fundamental mantermos a ordem e agirmos mais pela razão e menos pelo impulso.


           Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A polêmica das cotas raciais

Há pelo menos uma década temos ouvido falar das famigeradas cotas, que reservam um percentual de vagas nas universidades, para afrodescendentes e indígenas. Recentemente na Câmara dos deputados foi aprovada uma PEC que pretende reservar vagas a parlamentares de origem negra. A proposta ainda precisa de aprovação, antes de ir ao plenário. Tal emenda pretende diminuir a disparidade entre brancos e negros no cenário político, mas aumenta a polêmica sobre benefícios estatais.
Hoje em dia ficou fácil dizer que é negro, uma vez que os critérios não se restringem às características extrínsecas, mas também à herança genética. Assim, diversas pessoas estão se declarando negras ao se candidatarem a concursos promovidos pela União, superando até mesmo os dados aferidos pelo IBGE. Logo fez surgir uma proposta na Câmara que visa estabelecer um porcentual máxima de brancos que se declaram afrodescendentes.
A intervenção do Estado nas questões sociais e culturais é muito invasiva na medida em que beneficia alguns em detrimento dos outros. Diversas pessoas se sentem injustiçadas, pois a grande maioria dos programas governamentais não leva em conta o mérito e merecimento. Todavia, as classes favorecidas, aproveitam da fragilidade desses programas e acabam forjando critérios, a fim de conseguir favoritismo em benefício próprio.
Se por um lado ajuda as classes menos favorecidas econômico e socialmente, por outro cria-se uma certa dependência e comodismo por parte daqueles que se enquadram nos critérios utilizados para distingui-los. Assim, tudo que gera vínculo e subordinação estatal pode ser visto não como democracia, mas como uma estratégia que fomenta a segregação, além de servir como ferramenta eleitoreira.
Um país nunca será democrático enquanto a cor da pele for usada como justificativa das diferenças econômico-sociais. O potencial de um indivíduo vai além de sua aparência e não está estritamente ligado à sua herança genética. Se fossemos elencar tantas classes prejudicadas pelo sistema capitalista, levar-se-ia muito tempo para discutir quem realmente merece uma cota. Está aí um ministério que poderia ser criado: o das cotas e benefícios estatais.

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos