Há
pelo menos uma década temos ouvido falar das famigeradas cotas, que reservam um
percentual de vagas nas universidades, para afrodescendentes e indígenas. Recentemente
na Câmara dos deputados foi aprovada uma PEC que pretende reservar vagas a
parlamentares de origem negra. A proposta ainda precisa de aprovação, antes de
ir ao plenário. Tal emenda pretende diminuir a disparidade entre brancos e
negros no cenário político, mas aumenta a polêmica sobre benefícios estatais.
Hoje
em dia ficou fácil dizer que é negro, uma vez que os critérios não se restringem
às características extrínsecas, mas também à herança genética. Assim, diversas
pessoas estão se declarando negras ao se candidatarem a concursos promovidos
pela União, superando até mesmo os dados aferidos pelo IBGE. Logo fez surgir
uma proposta na Câmara que visa estabelecer um porcentual máxima de brancos que
se declaram afrodescendentes.
A
intervenção do Estado nas questões sociais e culturais é muito invasiva na
medida em que beneficia alguns em detrimento dos outros. Diversas pessoas se
sentem injustiçadas, pois a grande maioria dos programas governamentais não
leva em conta o mérito e merecimento. Todavia, as classes favorecidas,
aproveitam da fragilidade desses programas e acabam forjando critérios, a fim
de conseguir favoritismo em benefício próprio.
Se
por um lado ajuda as classes menos favorecidas econômico e socialmente, por
outro cria-se uma certa dependência e comodismo por parte daqueles que se enquadram
nos critérios utilizados para distingui-los. Assim, tudo que gera vínculo e
subordinação estatal pode ser visto não como democracia, mas como uma
estratégia que fomenta a segregação, além de servir como ferramenta
eleitoreira.
Um
país nunca será democrático enquanto a cor da pele for usada como justificativa
das diferenças econômico-sociais. O potencial de um indivíduo vai além de sua
aparência e não está estritamente ligado à sua herança genética. Se fossemos
elencar tantas classes prejudicadas pelo sistema capitalista, levar-se-ia muito
tempo para discutir quem realmente merece uma cota. Está aí um ministério que
poderia ser criado: o das cotas e benefícios estatais.
Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos
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