segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A polêmica das cotas raciais

Há pelo menos uma década temos ouvido falar das famigeradas cotas, que reservam um percentual de vagas nas universidades, para afrodescendentes e indígenas. Recentemente na Câmara dos deputados foi aprovada uma PEC que pretende reservar vagas a parlamentares de origem negra. A proposta ainda precisa de aprovação, antes de ir ao plenário. Tal emenda pretende diminuir a disparidade entre brancos e negros no cenário político, mas aumenta a polêmica sobre benefícios estatais.
Hoje em dia ficou fácil dizer que é negro, uma vez que os critérios não se restringem às características extrínsecas, mas também à herança genética. Assim, diversas pessoas estão se declarando negras ao se candidatarem a concursos promovidos pela União, superando até mesmo os dados aferidos pelo IBGE. Logo fez surgir uma proposta na Câmara que visa estabelecer um porcentual máxima de brancos que se declaram afrodescendentes.
A intervenção do Estado nas questões sociais e culturais é muito invasiva na medida em que beneficia alguns em detrimento dos outros. Diversas pessoas se sentem injustiçadas, pois a grande maioria dos programas governamentais não leva em conta o mérito e merecimento. Todavia, as classes favorecidas, aproveitam da fragilidade desses programas e acabam forjando critérios, a fim de conseguir favoritismo em benefício próprio.
Se por um lado ajuda as classes menos favorecidas econômico e socialmente, por outro cria-se uma certa dependência e comodismo por parte daqueles que se enquadram nos critérios utilizados para distingui-los. Assim, tudo que gera vínculo e subordinação estatal pode ser visto não como democracia, mas como uma estratégia que fomenta a segregação, além de servir como ferramenta eleitoreira.
Um país nunca será democrático enquanto a cor da pele for usada como justificativa das diferenças econômico-sociais. O potencial de um indivíduo vai além de sua aparência e não está estritamente ligado à sua herança genética. Se fossemos elencar tantas classes prejudicadas pelo sistema capitalista, levar-se-ia muito tempo para discutir quem realmente merece uma cota. Está aí um ministério que poderia ser criado: o das cotas e benefícios estatais.

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos 

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