A
crise atual denota a insatisfação geral diante do cenário econômico-político
brasileiro, galgado pela hierarquização social, falso poder de compra e vulga
qualidade de vida.
Não
é preciso morar em cidade grande para saber que o serviço público (às vezes
privatizado, como trens, ônibus e metrôs) está mal das pernas. Basta utilizá-los
para verificar sua eficiência e credibilidade – a verdade é que o cidadão se
conforma(va) com isso, mas hoje, se não tem acesso à internet, pode sair às
ruas para demonstrar sua indignação. Não que antes ele não podia, mas agora,
impulsionados pelo momento crítico, estão motivados a lutar pelos direitos
sucumbidos. Se surte algum efeito, nem as pesquisas podem determinar, porém a
presidência, embora demonstrando controle da situação, vê seu império balançado
pela forte onda de protestos que não raras vezes culmina com destruição do
patrimônio público e privado.
Em
um ano voltado para a juventude, papa Francisco (líder da Igreja Católica),
disse que jovem que não protesta, não lhe agrada. Veja a importância que um
formador de opinião tem na sociedade. Muitos poderiam dizer que ele (o papa)
está incitando o motim, a baderna, mas se formos traduzir bem, sua intenção foi
a das melhores – que nós, temos o dever de manifestar nossa indignação diante
daquilo que não nos agrada. E se a insatisfação é unânime, logo dever haver uma
causa justa. Ela (a presidente) tentou se justificar dizendo que o povo está
indignado porque seu governo deu mais oportunidades e uma vez dado tanto
benefício o cidadão está ambicioso e exige mais conquistas. Quase que convenceu
(era melhor ter ficado calada).
Bem,
se um dia podemos financiar um carro, uma casa ou um móvel nas Casas Bahia isso
não vem ao caso, mesmo porque pegamos todos os juros, impostos e correções
monetárias. Mais do que poder econômico, o brasileiro precisa de DIGNIDADE.
Dignidade não é só comida. Dignidade é sair de casa as quatro da matina, subir
num ônibus e ir sentado. E mais, ser digno é ter oportunidade, não ser
marginalizado, não ser vítima do descaso, do abandono social, da exclusão
geográfica... Dignidade é poder se curar de uma pneumonia e não morrer por ela.
Dignidade é poder ir pra escola não pela merenda e sim pelo estudo. Dignidade
não é morar num país que prioriza mais o esporte do que a ascensão social, a
distribuição de renda, a saúde, a educação e por aí vai. Muito pelo contrário,
incentiva a concentração de renda nas mãos de poucos, o uso de dinheiro público
para interesses particulares. É um rol de oportunismos, oportunistas e
especialistas em usurpar a política como meio de vida em detrimento dos menos
favorecidos.
Brasil,
o país do papa, do pop, do poupa-tempo e do “quem pode mais, chora menos”.
Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos
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