quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A hora e a vez


A crise atual denota a insatisfação geral diante do cenário econômico-político brasileiro, galgado pela hierarquização social, falso poder de compra e vulga qualidade de vida.
Não é preciso morar em cidade grande para saber que o serviço público (às vezes privatizado, como trens, ônibus e metrôs) está mal das pernas. Basta utilizá-los para verificar sua eficiência e credibilidade – a verdade é que o cidadão se conforma(va) com isso, mas hoje, se não tem acesso à internet, pode sair às ruas para demonstrar sua indignação. Não que antes ele não podia, mas agora, impulsionados pelo momento crítico, estão motivados a lutar pelos direitos sucumbidos. Se surte algum efeito, nem as pesquisas podem determinar, porém a presidência, embora demonstrando controle da situação, vê seu império balançado pela forte onda de protestos que não raras vezes culmina com destruição do patrimônio público e privado.
Em um ano voltado para a juventude, papa Francisco (líder da Igreja Católica), disse que jovem que não protesta, não lhe agrada. Veja a importância que um formador de opinião tem na sociedade. Muitos poderiam dizer que ele (o papa) está incitando o motim, a baderna, mas se formos traduzir bem, sua intenção foi a das melhores – que nós, temos o dever de manifestar nossa indignação diante daquilo que não nos agrada. E se a insatisfação é unânime, logo dever haver uma causa justa. Ela (a presidente) tentou se justificar dizendo que o povo está indignado porque seu governo deu mais oportunidades e uma vez dado tanto benefício o cidadão está ambicioso e exige mais conquistas. Quase que convenceu (era melhor ter ficado calada).
Bem, se um dia podemos financiar um carro, uma casa ou um móvel nas Casas Bahia isso não vem ao caso, mesmo porque pegamos todos os juros, impostos e correções monetárias. Mais do que poder econômico, o brasileiro precisa de DIGNIDADE. Dignidade não é só comida. Dignidade é sair de casa as quatro da matina, subir num ônibus e ir sentado. E mais, ser digno é ter oportunidade, não ser marginalizado, não ser vítima do descaso, do abandono social, da exclusão geográfica... Dignidade é poder se curar de uma pneumonia e não morrer por ela. Dignidade é poder ir pra escola não pela merenda e sim pelo estudo. Dignidade não é morar num país que prioriza mais o esporte do que a ascensão social, a distribuição de renda, a saúde, a educação e por aí vai. Muito pelo contrário, incentiva a concentração de renda nas mãos de poucos, o uso de dinheiro público para interesses particulares. É um rol de oportunismos, oportunistas e especialistas em usurpar a política como meio de vida em detrimento dos menos favorecidos.
Brasil, o país do papa, do pop, do poupa-tempo e do “quem pode mais, chora menos”.

Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos

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