terça-feira, 22 de outubro de 2013

Desejos e sentimentos

            Existem muitas canções, em especial as sertanejas, que retratam o grande dilema do amor, os sentimentos que ele provoca, bem como as paixões e desilusões amorosas. Seria o homem predisposto a sofrer por amor? Alguns têm medo de sentir atração por outra pessoa, outros têm interesse por indivíduos diferentes em pouco espaço de tempo. É nato do ser humano viver essa instabilidade no amor, ou devemos encaram como liberdade e emancipação dos desejos?
            Luiz Felipe Pondé, escritor e filósofo, já dizia que nem só de liberdade vive o desejo, mas também de medo, pecado e vergonha. Esse livre arbítrio nos motiva a escolher parceiros com que desejamos satisfazer necessidades sexuais e caso exista afinidade, constituir uma relação sólida e duradoura. E quando assumimos compromissos com esta, deveríamos, pelo menos, honrá-los. Mas eis que fatores instintivos e perversos podem balançar tal relacionamento.
            Certos indivíduos idealizam o parceiro e projetam nele seus desejos mais íntimos, expõe sua intimidade, pois acreditam em sua boa índole. Não que isso seja errado, mas em qualquer circunstância, a racionalidade deve falar mais alto que as emoções. Há pessoas que mergulham no universo dos sentimentos, na esperança do parceiro corresponder suas expectativas, não aferindo os riscos e danos que tal investimento possa custar.
            É fácil falar “vá com calma”, “não se apaixone”, quando na verdade não é possível medir um sentimento, algo intrínseco e subjetivo, que só quem sente pode questioná-lo. A poetisa Cora Carolina escreveu que coração dos outros é terra que ninguém pisa. E uma coisa é certa: ninguém pode se entregar a outrem, sem conhecer a si mesmo, seus desejos e intenções.
            Num tempo em que muitos querem ganhar tempo, colecionando relacionamento como troféus, é preciso ser menos instintivo e mais racional. As necessidades sexuais não podem sobrepujar os valores morais, banalizando as relações amorosas e as instituições como o matrimônio e união estável. É digno de louvor que sabe administrar seus desejos, controla seus instintos e não culpa a sociedade pela promiscuidade, perversão e vazio sentimental humano.

           
Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos 

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