Ontem
precisei ir a um hospital público. Verifiquei que entre os problemas, o meu era
o menos deles. Num país onde todos contribuem, mas poucos usufruem de um
serviço de qualidade. Quem quer saúde, que pague! Infelizmente essa é a
realidade. Ainda assim, quem tem plano de saúde privado sofre para marcar
consultas e agendar exames. Talvez pela burocracia.
No hospital, a impressão que se
tinha é de que todos precisariam de atendimento de urgência, mas não se tinha
um critério de prioridade – eram cadeiras de roda e macas nos corredores, gente
gemendo de dor e médicos passando por cima faltando dizer “sofram infelizes!”.
Esperava-se de uma a duas horas para
ser atendido e a consulta não passava de três minutos. Parecia mais uma ‘psicografia’.
Um diagnóstico precoce de uma doença que poderia perdurar anos. Mas insisto:
quer um bom atendimento? Pague!
Num país onde se investe apenas 4%
do PIB em saúde, enquanto na Suíça esse número é quatro vezes maior. Parece que
o quadro lamentoso esta longe de melhorar, pra ficar ruim.
O programa “Mais Médicos” já deu o
que falar, justamente pela sua ilegalidade, uma vez os profissionais são
suspeitos de deixarem seu país e aqui ingressarem num trabalho escravo, sem
direito a rescindir os contratos.
Na verdade o Brasil é um país
reacionário e não preventivo. Se atacassem a fonte dos problemas, evitar-se-ia
gastar com tratamentos. Mas por que consertar o que está ruim, quando se pode
gastar mais para adquirir um novo? É o que está acontecendo com os metrôs
(máfia tucana) e com os estádios brasileiros construídos para a copa.
Há problemas generalizados para
deficiências pontuais. Podemos elencar um só quesito em que o país é excelente?
Não. Digo, sim. Somos criativos (e mágicos), pois com tamanho descaso e sobrevida,
ainda procuramos encarar a realidade, na esperança de dias melhores, num país
onde o lema é “ordem é progresso”’.
Vinícius Vendrame, publicitário, 26 anos
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